"O envelhecimento foi tomado como espécie de indemnização pelo descaramento de viver para além do que seria necessário."
"...Também não era em vão que a menopausa assinalava o rosto das mulheres. Crescia-lhes a barba, o que deixava muito claro que já não eram fêmeas: eram essa entidade a que a família dá o nome de sogras e que tem por missão principal levar a nora a desejar-lhe a morte. E, no entanto, se a ordem sucessória se cumprir, quando a velha morrer estará na hora de despontar a barba noutro queixo. A barba é um aviso para que os homens não desperdicem a substância seminal cuja fabricação pede alimento e até um pouco de alegria tóxica e deve, pois, usar-se com critério. Esta programação tão assisada provém da natureza. a humanidade pensou sempre que era um caso de escolha estética. Já pensava assim, muito antes mesmo dessa palavra "estética" aparecer."
-A luta entre o "eu" e o "eu social" gera algum desconforto interior. Por um lado queremos tudo a toda a hora, queremos viver o presente intensamente sem pensar no amanhã, de uma forma inconsequente e sôfrega. Por outro, sabemos que essa velocidade e intensidade não se coadunam com longevidade, pelo descansada e equilibrada que se pretende.
A balança, essa penderá para a loucura e para razão, num desequilíbrio e equilíbrio que julgamos equilibrado, mas que, amiúde, sofre as suas clivagens dolorosas e normais do desconhecido.
-Se haverá receita para equlibrar?!
Claramente que não! e ainda bem. viver é isto mesmo, sentir a dor, aguentá-la e aprender com ela. Apreciar o bem e vivê-lo intensamente sem receios.